segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ESTADO TAL...

Estive ausente muito tempo. Estive ausente oito meses por nada ter devidamente formalizado na minha cabeça e digno de partilha. Milhares de opiniões circularam na minha cabeça, válidas mas curtas. Talvez tenha sido pela dormência à qual passei devido a seis anos de governação Sócratesiana ou talvez e simplesmente pela razão que não estar para aí virado. Entretanto, e por ter este blogue, dei por mim a achar que deveria escrever qualquer coisa, como o fiz uma e outra vez. Imediatamente de seguida soube que seria um desrespeito para com quem fosse ler. Ou se tem um blogue válido, ou então o melhor é ir para o Facebook, site das trivialidades, traições, exposições e banalidades vagas sem sustentação. Como tal, tenho que respeitar quem me for ler e tentar contribuir minimamente para um mundo melhor.

Explicação feita, tenho assunto digno de partilha e devidamente pensado, que irei aqui formalizar. Sem qualquer arrogância ou fingimento de quem sabe o que foi a vida antes do 25 de Abril, não sei nada e apenas sei factos históricos e histórias antigas contadas. Após 37 anos, faço quatro perguntas que penso serem fundamentais e que certamente ajudariam muito o estado actual: O que somos hoje como País? O que somos hoje como povo? Quais são e como estão os valores com os quais vivemos hoje? O que queremos para o futuro? Respondidas estas questões, saberemos o que fizemos e o que temos de fazer.

O que somos hoje como País?

É dúbio não é? Pois é. Dei por mim sem saber dizer concretamente o que somos como País. Sei o que outrora fomos, e fomos grandes, muito grandes e nobres. Mas o que somos hoje é tudo menos concreto, é vago e uma grande confusão. Somos mais uma mescla de circunstâncias do que algo para o qual orientámos ser. Aliás, não orientámos nada. Apenas soubemos o que não queríamos sem saber o que queríamos. Assim, tornamo-nos presa fraca, fácil de caçar, de abater e que se deixou “comer”. Somos fruto de uma União Europeia desequilibrada que enfraqueceu uns (Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha …) para enriquecer outros (Alemanha, França, Reino Unido …). Somos fruto da vontade pelo fácil, onde às cegas aceitámos subsídios para fazer absolutamente nada. Sim, fomos pagos para não produzir. Ao não produzir, não temos. Como não temos, temos de encomendar. A quem encomendar? Aos fortes da Europa. E agora já não sabemos como produzir. Quisemos, enganados, e deixámos que nos descaracterizassem como País.

Tudo o resto advém da nossa descaracterização e total ausência real de vontade.

O que somos hoje como povo?

Somos fruto de uma enorme desconsideração a nós próprios. Deixámos que nos tornassem num povo sem capacidade de raciocinar e fundamentar (veja-se como educámos os alunos de hoje). Não sabemos ler nem interpretar. Não sabemos a nossa própria língua assim como não a defendemos com “unhas e dentes”. É mais forte o Português Brasileiro que o Português Português. A minha geração já apanhou bastante esta desconsideração pela língua materna, e por isso, luto diariamente por escrever melhor e saber melhor a minha querida língua, sem a qual não poderia nunca comunicar. Os canais de televisão já não passam o hino nacional e perderam qualquer sentido educativo. Em cada jogo desportivo não se canta o hino nacional. Não sabemos o significado da nossa própria bandeira nacional. Não sabemos a grande história de Portugal. Se não sabemos a nossa própria história, como saberemos o que somos? Não sabemos o que somos. Sem saber o que somos, não poderemos saber o que queremos ser. A comunicação social tudo faz para alimentar e/ou vender o medo, sendo essa a mais lucrativa comodidade de hoje. Sabem o porquê de Portugal ser o País com os maiores telejornais do mundo? Porque vendem medo. Com isso e para isso, deturpam e manipulam a informação a seu belo prazer, com muito fraco critério, e fornecem uma programação que nada exercita o intelecto. A descontextualização é também uma forma de mentira. Estamos com isto a vegetar e a ser manipulados. Mais grave é que ninguém se importa.

Quais os valores com que vivemos hoje?

Os valores desmoronam-se a olho nu. Cada vez mais a educação familiar baseia-se na compensação material e exclusivamente afectiva, sem educação prática e objectiva com vista à resiliência. Sem resiliência, não sabemos como resolver problemas e não sabemos ser persistentes. Sem persistência, vivemos sem foco e vamos a lado nenhum.

Encaramos o casamento como uma experiência igual a outras experiências, que se não resultar salta-se fora. Como se alguma vez o matrimónio tivesse vida própria. Esquecem-se que o mesmo é fruto do investimento que se coloca nele. Se for pouco o investimento, é pouco o retorno. Há azares? Há, mas percentualmente são muito reduzidos. Sem uma forte estrutura familiar, famílias futura serão ainda mais fracas.

Vivemos cada vez mais sem sentido de religião. Não se trata de ir ou não ir à missa. Trata-se de viver de acordo com os princípios religiosos. Sem religião, como sabemos o que é o Bem e o que é o Mal? A lei apenas nos diz o que é crime e o que não é crime aos olhos de hoje e está em constante mutação (veja-se o aborto, era crime e hoje já não o é). Existe muita coisa que é Mal e não é crime. O Mal e o Bem não mutam, são transversais e intemporais.

Não damos valor aos costumes e tradições. Não damos valor ao património. Sabemos no entanto criticar por estarem desaparecidos. Não valorizamos nem visitamos o passado, mas criticamos por estar devoluto. Ao não visitar ou valorizar o património, não geramos fundos e assim não existe orçamento de manutenção.

Família, educação, património e religião são os quatro pilares que sustentam uma sociedade sã e saudável.

O que queremos para o futuro?

Infelizmente nada. Só pode ser. Não sabemos o que somos, o que fizemos e o que nos deixámos que fizessem. Não sabemos e fomos deixando cada vez mais de saber.

Infelizmente nada e Uiiii, aqui muita gente diria que queria o euro milhões, um País melhor, menos guerras etc… mas tudo isso é nada se não houver uma vontade real de sacrifício e uma noção clara de que só com muito trabalho se pode lá chegar. É nada se não percebermos rapidamente que tudo isto é silogismo e um ciclo vicioso. Se não isto, então é isto. Se é isto então será aquilo, logo … é aqueloutro.

E de quem é a culpa?

Sem qualquer hipocrisia, a culpa é minha. Por minha culpa e minha tão grande culpa que estamos como estamos em muita coisa. Não culpo os Governos mas sim em quem neles votou, logo culpo-me. Culpo o Estado Português que são todos os portugueses, logo culpo-me. Culpo todos os que não pediram facturas de todas as transacções realizadas e assim retirar impostos ao País, logo culpo-me. Culpo todos os que já pagaram serviços (mecânico automóvel por exemplo ou mestre de obras) premeditadamente ou por indicação do prestador de serviço, a poupar no IVA, logo culpo-me. Culpo todos os que compram produtos contrafeitos, logo culpo-me. Culpo os que aceitaram ser manipulados pelos poderosos da Europa, logo culpo-me.

Não é culpa minha a falta de resiliência, persistência, vontade e coragem. Não é culpa minha que se deixe existir em forte número de falências fraudulentas. Não é culpa minha que se deixe existir cidadãos não pagadores. Não é culpa minha que se dê crédito a criminosos. Não é culpa minha uma série de coisas. Sinto que luto contra a maré que é nada mais que a maioria dos portugueses.

Há salvação? Há Solução?

Como qualquer história ou filme de Hollywood, existe sempre solução e não é a Troika. A troika, nada mais é que mais um contributo na descaracterização de Portugal e dos Portugueses. Deixa-nos mais nas mãos dos poderosos europeus que um dia irão dominar na nossa banca e a totalidade do nosso querido País. Um problema que não tem solução é a morte. Se um outro problema não tiver solução, solucionado está. Caso contrário, existe sempre solução ou soluções. Temos é que as exigir a nós próprios e aos outros. Temos é que nos mentalizar que tudo tem um custo e que para tudo é preciso trabalhar. Temos de saber lidar bem com a autoridade, e exigir autoridade à mesma. Temos de saber respeitar a cadeia de comandos e saber que nela reside a injustiça. Temos de saber e aceitar que temos de fazer muitas coisas que não gostamos, mas temos de as fazer. Temos de reaprender a trabalhar, viver para o futuro e contribuir para toda uma sociedade. Temos de saber respeitar para sermos respeitados. Temos de votar e saber votar.

Por muito que trabalhe para tal, poderei nunca ganhar o euro milhões. O mesmo depende da sorte ou azar, que nada tem a ver com trabalho.

TEMOS SOBRETUDO DE NOS RESPONSABILIZAR E SABER EXIGIR A NÓS PRÓPRIOS.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O MEU 1º PROBLEMA DE 2011

Sim. É verdade que a ausência de uma mensagem minha desde Dezembro poderia indicar que este blog estaria a morrer, mas tal não vai acontecer. Não tive foi nada de novo e relevante para dizer, ou pelo menos, algo que me fizesse pensar ou estivesse devidamente pensado e fundamentado.

Não sou sofista!

Mas agora existe ou pelo menos lembrei-me agora.

Natal, época de harmonia e felicidade, nasceu o menino Jesus. Sim, "Nasceu o menino Jesus!" e não "Chegou o Pai Natal" que este último é originário nos Países Baixos [chamava-se Sinterklass (Santa Claus depois)] e explorado no século XX pela Coca-cola.

Depois, mais uns dias, chegamos à passagem de ano. É aqui que começa o meu problema, a passagem de ano, o dia em que se fazem resoluções e promessas, o dia em que se promete sabendo que se não cumprir poderá prometer de novo na próxima passagem de ano, o dia zero, o dia em que começa tudo de novo (Pelos menos a maioria das pessoas pensa assim), o dia do Reset . O dia do Reset? Porque é que as pessoas precisam de fazer Reset? Ou antes, porque precisam as pessoas de um dia para se reiniciarem e arrancar de novo? Porquê a necessidade de ter pontos intercalares numa vida que é curta e dura "dois dias"?. Tenho muita dificuldade em assimilar esta necessidade como se um disco rígido se tratasse ou algo muito mecânico e articulado. Esta minha necessidade de explicar este fenómeno levou-me a levantar uma outra questão... Quando é que as pessoas deixaram de ver a vida como uma passagem só e passaram a ver vida com um numero de passagens, todas elas com um tempo médio de 365 dias?. Que por sua vez me levou a uma outra questão... Quando é que as pessoas deixaram de estabelecer objectivos de uma só vida? Questão que me levou a uma outra questão, esta mais suprema... Quando é que as pessoas perderam o "norte"?.

E agora? Agora perguntarão alguns... qual a conclusão para tantas questões? Para esta questão e para as outras eu cheguei a uma conclusão, e muito simples. Desresponsabilização! As pessoas deixaram de responsabilizar os outros e também a si próprias, deixaram de exigir aos outros e deixaram de exigir a si mesmas levando a uma ideia erradíssima de que se não cumprirem este ano, podem-no fazer para o próximo. ERRADO! Muito errado! Há regras e exigências que têm de ser permanentes, assim como o respirar tem de ser permanente e não pode parar. Há princípios que não se pode abdicar, assim como o coração não pode deixar de bater. Há acções que têm de ser mantidas e coerentes, assim como o cérebro tem de se manter sempre a funcionar. Se um destes três pontos parar, o corpo morre e o espírito vai-se, assim como o futuro do País vai-se se desistirmos de votar, exigir melhor, trabalho esse que não pode nunca parar.

A vida é um traço único que une dois pontos, a nascença e a morte, e nesse traço não há interrupções ou paragens no que é importante, tendo no entanto a capacidade de ter marcos importantes, individuais e colectivos.

O curto prazo é curto. O longo prazo é longo, logo dura mais e tem maior probabilidade de sucesso. Por isso e muito mais, façam resoluções para toda a vida e não para um só ano. Responsabilizem os outros e a vós também.

Um forte abraço

Martim Durão